A inquisição parte 1


Este trabalho é um esboço, um ensaio, um estudo, em  que condensamos  diversos fatos relacionados com a  INQUISIÇÃO. O assunto, de tão vasto, não se esgota   nestas páginas.               
As dificuldades enfrentadas pela Igreja de Cristo através  dos séculos devem ser conhecidas por todos os cristãos. Os católicos precisam conhecer a história negra de sua      igreja. Os evangélicos não devem esquecer os heróis da    fé, os homens que, com ousadia, romperam com as  tradições, com o poder eclesiástico de sua época, e ajudaram na implantação de uma igreja reformada, livre do    poder papal, submissa a Jesus, e tendo a Bíblia Sagrada   como única regra de fé e prática.
Conhecer um pouco dos horrores dos tribunais eclesiástico é descobrir o quão difícil foi a caminhada até   os dias atuais. Os alicerces de nossa fé ficam mais   fortalecidos quando nos miramos no exemplo de nossos   irmãos do passado, "atribulados mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados, perseguidos, mas não    desamparados; abatidos, mas não destruídos", pois  "BEM-AVENTURADOS SOIS VÓS, QUANDO VOS  INJURIAREM E PERSEGUIREM E, MENTINDO, ISSEREM TODO O MAL CONTRA VÓS POR MINHA   CAUSA" (Mateus 5.11).
A lista dos mártires e perseguidos parece não ter fim. A    Igreja Católica estava disposta a vigiar e manter sob seu  domínio todo o universo do pensamento humano. Qualquer   um que ousasse defender suas idéias - científicas, religiosas, ou em qualquer área -, em desacordo com a   interpretação do Vaticano, era considerado um herético, e,    por isso, por esse crime, julgado e condenado. Era quase   impossível aos hereges se livrarem da tortura e da    fogueira.
Pelo modo cruel como os protestantes foram massacrados; pela forma cruel com que subjugaram   alguns, sob tortura; em razão dos milhões que perderam a   vida nas Cruzadas, nas fogueiras ou de outras maneiras, e   por muitas outras práticas assassinas e injustas usadas  no decorrer de vários séculos de INQUISIÇÃO, não    vacilamos em afirmar que esse monstruoso Santo Ofício  foi UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE... todavia, um   crime que não mais se repetirá, NUNCA MAIS. Louvado     seja nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.


INQUISIÇÃO: SIGNIFICADO E OBJETIVO

Também chamada de Santo Ofício, INQUISIÇÃO era a   designação dada a um tribunal eclesiástico, vigente na  Idade Média e começos dos tempos modernos. Esse    Tribunal, instituído pela Igreja Católica Romana, tinha por   meta prioritária julgar e condenar os hereges. A palavra "herege" significa aquele que escolhe, que professa     doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja como   sendo matéria de fé. Então, todos os que se rebelavam contra a autoridade papal ou faziam qualquer espécie de    crítica à Igreja de Roma eram considerados hereges.
INQUISIÇÃO é o ato de INQUIRIR: indagar, investigar, pesquisar, perguntar, interrogar judicialmente. Os hereges   seriam os "irmãos separados", os "protestante", os   "crentes", os "evangélicos" de hoje.
Em suma, a INQUISIÇÃO foi um tribunal eclesiástico  criado com a finalidade de investigar e punir os crimes   contra a fé católica. Da Enciclopédia BARSA, vol 7, pags.   286-287 extraímos o seguinte: " Heresia, no sentido geral    é uma atitude, crença ou doutrina, nascida de uma  escolha pessoal, em oposição a um sistema comumente aceito e acatado. É uma opinião firmemente defendida   contra uma doutrina estabelecida. A Igreja Católica, no   seu Direito Canônico, estabelece uma distinção entre   heresia, apostasia e cisma. Assim diz este documento:
"Depois de recebido o batismo, se alguém, conservando o  nome de cristão, nega algumas das verdades que se   devem crer com fé divina e católica ou dela duvida, é    HEREGE. Se afasta-se totalmente da fé cristã, é  APÓSTATA. Se recusa submeter-se ao Sumo Pontífice (o  Papa) ou tratar com os membros da Igreja aos quais está    sujeito, é CISMÁTICO" (Direito Canônico 1.325, párag. 2).               
Então, por esse raciocínio e decreto de Roma, os milhões   de crentes no mundo são hereges e cismáticos porque    negam muitas das "verdades" da fé católica, não se   submetem ao Sumo Pontífice, e só reconhecem Jesus   Cristo como autoridade máxima da Igreja. De acordo com o que foi noticiado em janeiro/98 pelos    jornais, a Igreja Católica Romana resolveu abrir os arquivos do Santo Ofício ou Inquisição, colocando-os à disposição   dos pesquisadores. Nesses arquivos constam 4.500 obras   sob fatos e julgamentos de quatro séculos da Igreja   Católica, conforme noticiado. A abertura desses  processos é de muita valia para os pesquisadores, historiadores e interessados em conhecer um pouco mais   do passado negro da Igreja de Roma. Nem por isso a     humanidade deixou de conhecer as crueldades, as  chacinas, o extermínio, as torturas que tiraram a vida de   milhões de hereges. Os arquivos do Vaticano vão mostrar,  certamente, com mais detalhes, como foram conduzidos os processos sumários e quais os métodos usados para obter confissões e retratações. Todavia, a guarda a sete   chaves dessas informações não impediu que o mundo     tomasse conhecimento dos crimes cometidos pelos   tribunais inquisitórios. A História não pode ser apagada.

O INÍCIO DAS PERSEGUIÇÕES
Embora a Inquisição tenha alcançado seu apogeu no  século XIII, suas origens remontam ao século IV:
O herege espanhol Prisciliano foi condenado à    morte pelos bispos espanhóis no ano de 1385; no século X muitos casos de execuções de  hereges, na fogueira ou por estrangulamento; em 1198 o Papa Inocêncio III liderou uma cruzada  contra os "ALBIGENSES" (hereges do sul da  França), com execuções em massa; em 1229, no Concílio de Tolouse, foi oficialmente   criada a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, sob  a liderança do Papa Gregório IX; em 1252, o Papa Inocêncio IV publicou o   documento intitulado "AD EXSTIRPANDA", em que  vociferou: "os hereges devem ser esmagados como  serpentes venenosas". Este documento foi   fundamental na execução do diabólico plano de   exterminar os hereges. As autoridades civis, sob a ameaça de excomunhão no caso de recusa, eram   ordenadas a queimar os hereges. O "AD   EXSTIRPANDA" foi renovado ou reforçado por vários  papas, nos anos seguintes:
Alexandre IV (1254-1261); Clemente IV (1265-1268), Nicolau IV (1288-1292); Bonifácio VIII (1294-1303) e outros. Inocêncio IV autorizou o uso da tortura.

OS MÉTODOS DE TORTURA
No seu "Livro das Sentenças da Inquisição" (Liber   Sententiarum Inquisitionis) o padre dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis, 1261-1331), "um dos mais completos teóricos da Inquisição", descreveu vários   métodos para obter confissões dos acusados, inclusive o     enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro".
Usava-se, dentre outros, os seguintes processos de  tortura: a manjedoura, para deslocar as juntas do corpo; arrancar unhas; ferro em brasa sob várias partes do corpo; rolar o corpo sobre lâminas afiadas; uso das "Botas    Espanholas" para esmagar as pernas e os pés; a Virgem   de Ferro: um pequeno compartimento em forma humana, aparelhado com facas, que, ao ser fechado, dilacerava o   corpo da vítima; suspensão violenta do corpo, amarrado    pelos pés, provocando deslocamento das juntas; chumbo  derretido no ouvido e na boca; arrancar os olhos; açoites   com crueldade; forçar os hereges a pular de abismos, para     cima de paus pontiagudos; engolir pedaços do próprio  corpo, excrementos e urina; a "roda do despedaçamento   funcionou na Inglaterra, Holanda e Alemanha, e  destinava-se a triturar os corpos dos hereges; o "balcão de estiramento" era usado para desmembrar o corpo das    vítimas; o "esmaga cabeça" era a máquina usada para    esmagar lentamente a cabeça do condenado, e outras  formas de tortura.
Com a promessa de irem diretamente para o Céu, sem   passagem pelo purgatório, muitos homens eram exortados    pelos inquisidores para guerrearem contra os hereges. No      ano de 1209, em Beziers (França), 60 mil foram  martirizados; dois anos depois, em Lauvau (França), o  governador foi enforcado, sua mulher apedrejada e 400 pessoas queimadas vivas. A carnificina se espalhou por   outras cidades e milhares foram mortos. Conta-se que  num só dia 100.000 hereges foram vitimados. Depois de acusados, os hereges tinham pouca chance de   sobrevivência. Geralmente as vítimas não conheciam seus  acusadores, que podiam ser homens, mulheres e até  crianças.
O processo era sumário. Ou seja: rápido, sem   formalidades, sem direito de defesa. Ao réu a única  alternativa era confessar e retratar-se, renunciar sua fé e   aceitar o domínio e a autoridade da Igreja Católica  Romana. Os direitos de liberdade e de livre escolha não    eram respeitados. A Igreja de Roma, sob o pretexto de   que detinha as chaves dos céus e do inferno e poderes para livrar as almas do purgatório e perdoar pecados,  pretendia ser UNIVERSAL, dominar as nações mediante   pressão sob seus governantes e estabelecer seus    domínios por todo o Planeta.

CRUELDADE E MATANÇA
A seguir, um relato sucinto do extermínio de hereges. A matança dos valdenses - Um dos primeiros grupos organizados a serem atormentados foram os valdenses. Valdenses eram chamados "os membros da seita, também chamada Pobres de Lião, fundada pelo mercador  Pedro Valdo por volta de 1170, na França. Inspirada na  pobreza evangélica, repudiava a riqueza da Igreja  Católica". O grupo organizado por Pedro Valdo, um rico    comerciante, cria que todos os homens tinham o direito de     possuir a Bíblia traduzida na sua própria língua. Acreditavam, também, que a Bíblia era a autoridade final  para a fé e para a vida. Os valdenses se vestiam com simplicidade - contrapondo-se à luxúria dos sacerdotes  católicos - , ministravam a Ceia do Senhor e o Batismo, e   ordenavam leigos para a pregação e ministração dos  sacramentos. "O grupo tinha seu próprio clero, com  bispos, sacerdotes e diáconos". Tal liberdade não era     admitida pela Igreja Católica porque não havia submissão  ao Papa e aos seus ensinos. Os valdenses possuíam a  Bíblia traduzida na sua língua materna, o que facilitou a  pregação da Palavra. Outros grupos sucumbiram diante     das ameaças e castigos impostos pelos romanistas. Os   valdenses, todavia, resistiram. Na escuridão das cavernas, cada versículo era copiado, lido e ensinado. Na Bíblia  encontraram a Luz - uma luz forte que inunda corpo, alma  e espírito... uma luz chamada Jesus. Os valdenses foram, certamente, os primeiros a se organizarem como igreja, formar seu próprio clero e enviar missionários para outras   regiões na França e Itália. Tudo com muito sacrifício e sob  implacável perseguição. Essa liberdade de ação motivou os líderes romanos a     adotarem medidas duras contra a "seita". Uma bula papal  classificou os valdenses como hereges e, como tal, condenados à morte. A única acusação contra eles era a   de que "tinham uma aparência de piedade e santidade que  seduzia as ovelhas do verdadeiro aprisco". Uma cruzada  foi organizada contra esse povo santo. Como incentivo, a   Igreja prometia perdão de todos os pecados aos que  matassem um herege, "anulava todos os contratos feitos   em favor deles (dos valdenses), proibia a toda a pessoa  dar-lhe qualquer auxílio, e era permitido se apossar de suas propriedades por meio de violência". Não se sabe   quantos valdenses morreram nas Cruzadas. Sabemos, portanto, que esses obstinados cristãos fincaram os  alicerces da Reforma que viria séculos depois.

O Massacre De São Bartolomeu
Os católicos  franceses apelidavam de "huguenotes" os protestantes. Uma designação depreciativa. Já fomos tratados de    huguenotes, hereges, heréticos, protestantes, cristãos   novos, irmãos separados, crentes, evangélicos, etc. Mas o   Pai nos chama de FILHOS. 
O massacre de São Bartolomeu ou a Noite de São Bartolomeu ficou conhecido como "a mais horrível entre as ações diabólicas de todos os séculos". Com a   concordância do Papa Gregório XIII, o rei da França, Carlos IX, eliminou em poucos dias milhares de huguenotes. A matança iniciou-se na noite de 24.08.1572, em Paris, e se estendeu a todas as cidades onde se  e4ncontravam protestantes. Segundo Ellen G. Write, em  seu Livro "O GRANDE CONFLITO", foram martirizados  cerca de setenta mil nesse massacre. "Quando a notícia   do massacre chegou a Roma, a alegria do clero não teve  limites. O cardeal de Lorena recompensou o mensageiro  com mil coroas; o canhão de Santo Ângelo reboou em   alegre salva; os sinos dobraram em todos os  campanários; e o Papa Gregório XIII, acompanhado dos  cardeais e outros dignitários eclesiásticos, foi, em longa     procissão, à igreja de S.Luís, onde o cardeal de Lorena   cantou o Te Deum. Um sacerdote falou "daquele dia tão     cheio de felicidade e regozijo, em que o santíssimo padre   recebeu a notícia e foi em aparato solene dar graças a    Deus e a S.Luís".
Para comemorar e perpetuar na memória dos povos esse   horrendo massacre, por ordem do Papa Gregório XIII foi    cunhada uma moeda, onde se via a figura de um anjo com   a espada numa mão e, na outra, uma cruz, diante de um   grupo de horrorizados huguenotes. Nessa moeda  comemorativa lia-se a seguinte inscrição: "UGONOTTORUM STANGES, 1572" ("A MATANÇA DOS  HUGUENOTES, 1572").  Em seu livro "OS PIORES ASSASSINOS E HEREGES   DA HISTÓRIA", o historiador e pesquisador cearense   Jeovah Mendes, à pág. 238, assim registra a fatídica Noite   de S.Bartolomeu: "Papa Gregório XIII (Ugo Buoncompagni) (1502-1585) - Em irreprimível ritmo acelerado recrudescia o     ódio contra os protestantes em rumo de um trágico   desfecho. O cardeal de Lorena, com a aprovação e bênção    pontifícia de Gregório XIII, engendrou o mais horrível banho  de sangue por motivos religiosos em toda a História da   França ou de qualquer nação do mundo. Consumou-se o   projeto assassino aos 24 de agosto de 1572, a   inqualificável NOITE DE S.BARTOLOMEU, sendo nesse   macabro festival de sangue, morto o impetérrito Coligny, mártir do Evangelho e honra de sua Pátria. Como troféu da   bárbara carnificina, a cabeça de Coligny fora remetida ao   "sumo pontífice" Gregório XIII (Maurício Lachatre, História     dos Papas, vol. IV, pg. 68)".

O Massacre Dos Albigenses
Albigenses eram os   nascidos na cidade de Albi, sul da França. Em 1198, por iniciativa do Papa Inocêncio III, foram instituídos "Os  Inquisidores da Fé contra os Albigenses". Esses franceses foram considerados "hereges" porque seus  ensinos doutrinários não se alinhavam com os da Igreja de  Roma. O extermínio começou no ano de 1209 e se  estendeu por 20 anos, quando milhares de albigenses   pereceram. Fala-se em mais de 20.000 mortos, entre   homens, mulheres e crianças.

O Massacre Da Espanha
 Tomás de Torquemada (1420-1498), espanhol, padre dominicano, nomeado para    cargo de grande-inquisidor pelo Papa Sisto IV, dirigiu as   operações do Tribunal do Santo Ofício durante 14 anos. "Celebrizou-se por seu fanatismo religioso e crueldade".  De mãos dadas com os reis católicos, promoveu a  expulsão dos judeus da Espanha por édito real de  31.03.1492, tendo estes o prazo reduzido de quatro  meses para se retirarem do país sem levar dinheiro, ouro  ou prata. É acusado de haver condenado à fogueira 10.220   pessoas, e cerca de 100.000 foram encarceradas, banidas  ou perderam haveres e fazendas. Tudo em nome da fé   católica e da honra de Jesus Cristo.

O Massacre Dos Anabatistas
Grupo religioso  iniciado na Inglaterra no século XVI, que defendia o  batismo somente de pessoa adulta. Por autorização do  Papa Pio V (1566-1572), cem mil foram exterminados.

O Massacre Em Portugal
Diante dos insistentes   pedidos de D. João III, o Papa Paulo III introduziu, por bula de 1536, o Tribunal do Santo Ofício em Portugal. As   perseguições foram de tal ordem que o comércio e a indústria na Espanha e em Portugal ficaram praticamente   paralisados. "As execuções públicas eram conhecidas  como autos-de-fé. No começo, funcionaram tribunais da  Inquisição nas diversas dioceses de Portugal, mas no  século XVI ficaram apenas os de Lisboa, Coimbra e Évora. Depois, somente o da capital do reino, presidido pelo       inquisidor-geral. Até 1732, em Portugal, o número de    sentenciados atingiu 23.068, dos quais 1.554 condenados    à morte. Na torre do Tombo, em Lisboa, estão registrados    mais de 36.000 processos". Daí porque os 4.500  processos constantes dos arquivos de terror do Vaticano -   Os Arquivos do Santo Ofício - recentemente liberados aos   pesquisadores, não contam toda a história da desumana    Inquisição.

REFERÊNCIAS GERAIS SOBRE A INQUISIÇÃO

A Inquisição Em Cuba
Não havia parte nenhuma no   mundo onde os protestantes ou hereges estivessem livres   para o exercício de sua fé. Partindo da Europa, muitos procuraram refúgio nas Américas do Sul e Central, o "Novo     Mundo". Mas para cá também vieram os inquisidores. A   inquisição em Cuba iniciou-se em 1516 sob o comando de   dom Juan de Quevedo, bispo de Cuba, que, com requintes   de maldade, eliminou setenta e cinco "hereges".

A Inquisição No Brasil
O padre Antônio Vieira   (1608-1697), pregador missionário e diplomata, defensor  dos indígenas, considerado a maior figura intelectual   luso-brasileira do séc. 17 foi condenado por heresia pelo    Santo Ofício, e mantido em prisão por cerca de dois anos. O brasileiro Antônio José da Silva, poeta e comediólogo,   foi um dos supliciados em autos-da-fé. A Inquisição se instalou no Brasil em três ocasiões: Em  09.06.1591, na Bahia, por três anos; em Pernambuco, de  1593 a 1595; e novamente na Bahia, em 1618. Há notícia    de que no século XVIII Inquisição atuou no Brasil. Segundo   o jornal "Mensageiro da Paz", número 1334, de    maio/1998, "cento e trinta e nove "pessoas foram   queimadas vivas, no Brasil, entre os anos de 1721 e 1777. Todos os que confessavam não crer nos dogmas católicos  eram sentenciados. De acordo com os dados históricos, quase todos os cristãos-novos presos no Brasil pela Inquisição, durante o século 18, eram brasileiros natos e    pertenciam a todas as camadas sociais. Praticamente a  metade dos prisioneiros brasileiros cristãos-novos no século 18 era mulheres. Na Paraíba, Guiomar Nunes foi   condenada à morte na fogueira em um processo julgado  em Lisboa. A Inquisição interferiu profundamente na vida   colonial brasileira durante mais de dois séculos. Um dos exemplos dessa interferência era a perseguição aos    descendentes de judeus. Os que estavam nessa condição     podiam ser punidos com a morte, confisco dos bens e na   melhor das hipóteses ficavam impedidos de assumir  cargos públicos". A matéria do Mensageiro da Paz foi assinada por Regina Coeli. Do livro "BABILÔNIA: A RELIGIÃO DOS MISTÉRIOS" de  Ralph Woodrow - "As autoridades civis eram ordenada  pelos papas, sob pena de excomunhão, a executarem as  sentenças legais que condenavam os hereges   impenitentes ao poste. Deve-se notar que a excomunhão   em si mesma não era uma coisa simples, pois, se a     pessoa excomungada não se livrasse da excomunhão   dentro de um ano, passava a ser considerada herética, e    incorria em todas as penalidades que afetavam a heresia"   (pág. 110). "A intolerância religiosa que incitou a  Inquisição, causou guerras que envolveram cidades   inteiras. Em 1209 a cidade de Beziers foi tomada por  homens que tinham recebido a promessa do papa de que    entrando na cruzada contra os hereges, eles (os  assassinos), ao morrerem, passariam direto para o céu, desviando-se do purgatório. Reporta-se que sessenta mil, nesta cidade, pereceram pela espada. Em Lavaur, em  1211, o governador foi enforcado e a esposa lançada num  poço e esmagada com pedras. Quatrocentas pessoas   foram queimadas vivas em Lavaur. Os cruzados assistiram   à missa solene pela manhã, em seguida passaram a    tomar outras cidades da área. Neste cerco estima-se que  cem mil albigenses (protestantes) caíram em um só dia. Seus corpos foram amontoados e queimados. No   massacre de Merindol, quinhentas mulheres foram  trancadas em um celeiro ao qual atearam fogo. Se   qualquer uma pulasse das janelas seria recebida na ponta  de lanças. Mulheres foram ostensiva e dolorosamente    violentadas. Crianças assassinadas diante de seus pais. Algumas pessoas eram lançadas de abismos ou    arrancavam suas roupas e arrastavam-nas pelas ruas. Métodos semelhantes foram usados no massacre de   Orange em 1562. O exército italiano, enviado pelo Papa     Pio IV, recebeu ordem e matar homens, mulheres e  crianças. A ordem foi seguida com terrível crueldade,   sendo o povo exposto a vergonha e tortura indescritíveis. Dez mil huguenotes (protestantes) foram mortos no     sangrento massacre em paris no "Dia de São   Bartolomeu", em 1572". (págs. 113-114). Enciclopédia BARSA, vol. 8, pág. 30-31, edição 1977 Em 1229, no Concílio de Tolouse, criou-se oficialmente a   Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício. A partir deste     momento, e sobretudo com o trabalho dos frades      dominicanos, foi-se precisando a legislação e    jurisprudência da Inquisição. O processo era sumário. O    acusado podia ignorar o nome do acusador. Mulheres, crianças e escravos podiam ser testemunhas na   acusação, mas não na defesa. Num destes processos      consta o nome de uma testemunha de dez anos e idade. O padre dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis, 1261-1331), um dos mais completos teóricos da  Inquisição, enumerou, no seu Liber Sententiarum        Inquisitionis ("Livro das Sentenças da Inquisição"), vários    processos para a boa obtenção de confissões, inclusive pelo enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro."
 Do livro "OS PIORES ASSASSINOS E HEREGES DA  HISTÓRIA, DE CAIM A SADDAM HUSSEIN, do cearense  Jeovah Mendes, edição 1997, págs 249-250.   "Em toda a sua calamitosa história, a Igreja Católica nada    mais tem feito que perseguir o homem, sob o sofisma de   agir em nome de Deus. Vejamos os morticínios que ela   levou a efeito: As cruzadas à Terra Santa custaram à  humanidade o sacrifício de dois milhões de vítimas; de  Leão X a Clemente IX (papas) os sanguinários agentes do catolicismo, que dominavam a França, a Holanda, a    Alemanha, a Flandes e a Inglaterra, realizaram a tenebrosa São Bartolomeu, de que já falamos, degolando, massacrando, queimando mais de dois milhões de infiéis, enquanto a Companhia de Jesus, obra do abominável  Inácio de Loyola, cometia as maiores atrocidades, chegando mesmo a envenenar o Papa Clemente XIV. O    seu agente S. Francisco Xavier, em missão no Japão, imolava cerca de quatrocentos mil nipônicos; as cruzadas    levadas a efeito entre os indígenas da América, segundo Las Casas, bispo espanhol e testemunha ocular de   perseguição e autos-de-fé, sacrificaram doze milhões de    seres em holocausto ao seu Deus; a guerra religiosa que      se seguiu ao suplício do Padre João Huss e Jerônimo de   Praga, contou mais de cento e cinqüenta mil vidas      imoladas à Igreja Romana; no século XIV, o grande Cisma    do Ocidente cobriu a Europa de cadáveres, dado que nada   menos de cinqüenta mil vidas foram o preço cobrado pela  ira papal; as cruzadas levadas a efeito a partir de Gregório VII (papa), roubaram à Europa cerca de trezentos mil   homens, assassinados com requintes de selvageria; nas     terras do Báltico, os frades cavaleiros, além de uma devastação e pilhagem completa, ainda sacrificaram mais    de cem mil vidas; a imperatriz Teodora, dando  cumprimento a uma penitência imposta pelo seu  confessor, fez massacrar cento e vinte mil maniqueus, no   ano de 845; as disputas religiosas entre iconoclastas e  iconólatras devastaram muitas províncias, resultando ainda   no sacrifício de mais de sessenta mil cristãos degolados e   queimados. A Santa Inquisição, na sua longa e tenebrosa jornada, levou aos mais horrorosos suplícios, inclusive às    fogueiras, algumas centenas de milhares de pobres   desgraçados; segundo o Barão d´Holbach, a Igreja   Católica Romana, pelos seus papas, bispos e padres, é a  responsável pelo sacrifício de cerca de dez milhões de   vidas. Que mais é preciso dizer"?

AS TENTATIVAS DE ALGEMAR A PALAVRA DE DEUS
 
A história dos massacres e perseguições perde-se no  tempo. Quase impossível para os historiadores é levantar   o número exato ou aproximado de vítimas da Inquisição. O    banho de sangue começou na Europa, mais precisamente    em França, e se estendeu por países vizinhos. Havia, por   parte da Igreja de Roma, uma preocupação constante com a propagação do Evangelho, com o conhecimento da   Palavra, com a tradução da Bíblia em outras línguas. Preocupação no sentido de proibir. Só pelo fato de um  católico passar a ler as Escrituras estava sujeito a ser    considerado um herege e, como tal, ser excomungado e  levado à fogueira. A Bíblia era, assim, considerada um obstáculo às pretensões da Igreja de Roma, de colocar  todos os povos sob seus domínios. Muitos meios foram usados para que a Bíblia ficasse  restrita ao pequeno círculo dos sacerdotes, dos padres, dos bispos e dos papas. Dentre as medidas para conter o   avanço da Palavra de Deus, estão as seguintes:
 Em 1229, o Concílio de Tolouse (França), o mesmo que criou a diabólica Inquisição, determinou: "Proibimos os leigos de possuírem o Velho e o Novo Testamento...Proibimos ainda mais severamente que estes livros sejam possuídos no vernáculo popular. As casas, os mais humildes lugares de esconderijo, e mesmo os retiros subterrâneos de homens condenados por possuírem as Escrituras devem ser inteiramente destruídos. Tais homens devem ser perseguidos e caçados nas florestas e cavernas, e qualquer que os abrigar será severamente punido." (Concil. Tolosanum, Papa Gregório IX, Anno Chr.1229, Canons 14:2). Foi este mesmo Concílio que decretou a Cruzada contra os albigenses. Em "Acts of Inquisition, Philip Van Limborch, History of the Inquisition,cap. 08, temos a seguinte declaração conciliar: "Essapeste (a Bíblia) assumiu tal extensão, que algumas pessoas indicaram sacerdotes por si próprias, e mesmo alguns evangélicos que distorcem e destruíram a verdade do evangelho e fizeram um evangelho para seus próprios propósitos... (elas sabem que) a pregação e explanação da Bíblia é absolutamente proibida aos membros leigos".(grifo nosso). 
No Concílio e Constança, em 1415, o santo Wycliffe, protestante, foi postumamente condenado como "o pestilento canalha de abominável heresia, que inventou uma nova tradução das Escrituras em sua língua materna".
O Papa Pio IX, em sua encíclica "Quanta cura", em 8 de dezembro de 1866, emitiu uma lista de oito erros sob dez diferentes títulos. Sob o título IV ele diz: "Socialismo, comunismo, sociedades clandestinas, sociedades bíblicas... pestes estas devem ser destruídas através de todos os meios possíveis".
Em 1546 Roma decretou: "a Tradição tem autoridade igual à da Bíblia". Esse dogma está em voga até hoje, até porque existe o dogma da "infalibilidade papal". Ora, se os dogmas, bulas, decretos papais e resoluções outras possuem autoridade igual à das Sagradas Escrituras, os católicos não precisam buscar verdades na Palavra e Deus.
O Papa Júlio III, preocupado com os rumos que sua Igreja estava tomando, ou seja, perdendo prestígio e poder diante do número cada vez maior de "irmãos separados" ou "'cristãos novos" ou "protestantes" (apesar dos massacres), convocou três bispos, dos mais sábios, e lhes confiou a missão de estudarem com cuidado o problema e apresentarem as sugestões cabíveis. Ao final dos estudos, aqueles bispos apresentaram ao papa um documento intitulado "DIREÇÕES CONCERNENTES AOS MÉTODOS ADEQUADOS A FORTIFICAR A IGREJA DE ROMA". Tal documento está arquivado na Biblioteca Imperial de Paris, fólio B, número 1088, vol. 2, págs 641 a 650. O trecho final desse ofício é o seguinte:
"Finalmente (de todos os conselhos que bem nos pareceu dar a Vossa Santidade, deixamos para o fim o mais necessário), nisto Vossa Santidade deve pôr toda a atenção e cuidado de permitir o menos que seja possível a leitura do Evangelho, especialmente na língua vulgar, em todos os países sob vossa jurisdição. O pouco dele que se costuma ler na Missa, deve ser o suficiente; mais do que isso não devia ser permitido a ninguém. Enquanto os homens estiverem satisfeitos com esse pouco, os interesses de Vossa Santidade prosperarão, mas quando eles desejarem mais, tais interesses declinarão. Em suma, aquele livro (a Bíblia) mais do que qualquer outro tem levantado contra nós esses torvelinhos e tempestades, dos quais meramente escapamos de ser totalmente destruídos. De fato, se alguém o examinar cuidadosamente, logo descobrirá o desacordo, e verá que a nossa doutrina é muitas vezes diferente da doutrina dele, e em outras até contrária a ele; o que se o povo souber, não deixará de clamar contra nós, e seremos objetos de escárnio e ódio geral. Portanto, é necessário tirar esse livro das vistas do povo, mas com grande cuidado, para não provocar tumultos" - Assinam Bolonie, 20 Octobis 1553 - Vicentius De Durtantibus, Egidus Falceta, Gerardus Busdragus.
Além de tentar tapar a boca de Deus algemando a Sua Palavra, a Igreja de Roma modifica ou suprime trechos sagrados da Bíblia para justificar sua Tradição. Daremos dois exemplos:
acatou o livro apócrifo de Macabeus dentre outros, admitindo-o como divinamente inspirado, para justificar a oração pelos mortos.
suprimiu o SEGUNDO MANDAMENTO em seu Catecismo. No Catecismo da Primeira Eucaristia, 12ª edição, Paulinas, São Paulo, 1975, à pág. 70, lê-se: Mandamentos da lei de Deus: 1) amar a Deus sobre todas as coisas; 2) não tomar seu santo nome em vão; 3) guardar os domingos e festas; 4) honrar pai e mãe; 5) não matar; 6) não pecar contra a castidade; 7) não furtar; 8) não levantar falso testemunho; 9) não desejar a mulher do próximo; 10) não cobiçar as coisas alheias.
Os mandamentos de Deus estão no livro de Êxodo. No capítulo 20, versos 4 e 5 assim está escrito: "NÃO FARÁS PARA TI IMAGEM DE ESCULTURA, NEM SEMELHANÇA ALGUMA DO QUE HÁ EM CIMA DOS CÉUS, NEM EM BAIXO NA TERRA, NEM NAS ÁGUAS DEBAIXO DA TERRA. NÃO TE ENCURVARÁS A ELAS NEM AS SERVIRÁS". Então, como se vê, a Igreja Romana suprimiu do seu Catecismo o Segundo Mandamento. Isto é grave para quem é temente a Deus. Muito grave. Por que suprimiu? Para que não houvesse o confronto de suas práticas idólatras com a Palavra de Deus?
Todos esses maléficos expedientes usados para eliminar, alterar ou suprimir as Sagradas Escrituras não conseguiram êxito. A Bíblia é o livro mais vendido e mais lido em todo o mundo e está traduzido para quase 2.000 línguas e dialetos. Só no Brasil são vendidos por ano mais de quatro milhões de bíblias, afora uns 150 milhões de livros com pequenos trechos (bíblias incompletas),  Os reflexos desses expedientes, ou seja, as tentativas de algemar a Palavra de Deus, ainda hoje são sentidos. No Brasil são poucos os católicos que se dedicam à leitura da Bíblia, embora os carismáticos estejam mais desenvolvidos no particular. Regra geral, se contentam "com o pouco que lhes são oferecido na missa", e enquanto se contentam com esse pouco (como sugeriram aqueles bispos ao papa, item 5 retro) continuam errando. "ERRAIS, NÃO CONHECENDO AS ESCRITURAS, NEM PODER DE DEUS". (Mateus 22.29)

O SANGUE DOS MÁRTIRES

Não se pode separar a Inquisição da Reforma, uma vez que as perseguições, e com elas os inquisidores, surgiram em decorrência do protesto (advindo daí a   alcunha de protestantes) de homens inconformados com   as doutrinas e práticas da Igreja de Roma, cada vez mais    se distanciando do Evangelho de Jesus Cristo. Wycliffe, John Huss, Jerônimo e Lutero não se calaram diante da luxúria, da venda de indulgências, do jogo de interesses e  do baixo nível moral do clero romano. Esses   "reformadores" desejavam, em suma, criar condições   favoráveis a que a Igreja Católica Romana corrigisse seus erros. Apresentavam a Bíblia como única regra de fé e   prática; Jesus como único Sumo Sacerdote; defendiam a    liberdade de a Bíblia ser traduzida na língua de cada povo, de ser lida e interpretada por qualquer cristão; combatiam a submissão dos governantes aos papas e a espoliação   do povo através de cobrança de impostos para os cofres   de Roma. "Pelo pagamento de dinheiro à igreja, o povo     poderia livrar-se do pecado e igualmente libertar as almas     de amigos falecidos que estivessem confinadas às   chamas atormentadoras. Por esses meios Roma encheu   os cofres e sustentou a magnificência, luxo e vícios dos  pretensos representantes dAquele que não tinha onde     reclinar a cabeça". Em vez de considerar os protestos e  analisá-los à luz da Palavra de Deus, e proceder as   mudanças internas cabíveis, Roma preferiu partir para o    ataque. Criou a Inquisição para exterminar os     protestantes; proibiu a leitura da Bíblia e sua tradução em  outras línguas; classificou de heresia qualquer ensino ou  crença contrários à fé católica; sentenciou, torturou,  degolou, exterminou, excomungou, massacrou um número    incalculável de santos. "ENTÃO, VOS HÃO DE     ENTREGAR PARA SERDES ATOR-MENTADOS E MATAR-VOS-ÃO. E SEREIS ODI-ADOS DE TODAS AS     GENTES POR CAUSA DO MEU NOME" (Mateus 24.9).
Muitos pagaram com a vida pelo desejo de reformar. Alcançaram a vitória porque resolveram enfrentar a  poderosa Igreja de Roma, os inquisidores, a fogueira, a  excomunhão e toda a espécie de vexames; enfrentaram       acusações e ameaças mas não dobraram seus joelhos    diante dos papas. Vejamos alguns exemplos.

JOHN WYCLIFFE (1320 - 1384)  Wycliffe, teólogo inglês, precursor da Reforma, pregava   uma Igreja sem a direção papal, era adversário das    indulgências e combatia o excesso de bens materiais dos    clérigos. Foi doutor de Teologia, advogado eclesiástico a serviço da Coroa, e tornou-se reitor de Lutterworth em    1374. Sua maior obra, contudo, foi a tradução das   Escrituras para o inglês. A partir daí a Palavra de Deus se fez conhecida na Inglaterra. Ousado e destemido, Wycliffe atacou de forma brilhante o  clero romano, acusando-o de explorar o povo e os governantes com a venda de indulgências; de criar clima     de tensão e horror ao ameaçar os fiéis com excomunhão; de tentar conter a propagação da Palavra ao proibir a  leitura da Bíblia e a sua tradução para línguas conhecidas do povo. Chamado a retratar-se por ocasião de uma enfermidade que muito o enfraqueceu, disse: "Não hei de    morrer, mas viver e denunciar novamente as más ações dos frades".  Tendo sido levado pela terceira vez ao tribunal  eclesiástico, e acusado de heresia, Wycliffe declarou: "Com que julgais estar a contender? Com um ancião às  bordas da sepultura? Não! Estais a contender com  a    Verdade, Verdade que é mais forte do que vós e vos vencerá". Deus livrou Wycliffe da fogueira: faleceu repentinamente após um ataque de paralisia. Sua voz     silenciou, mas sua fé em Jesus Cristo fez discípulos em  todo o mundo.

JOHN HUSS (1369 - 1415)  Divulgador das idéias do santo Wycliffe, natural da  Boêmia, depois de completar o curso superior ordenou-se   sacerdote, havendo exercido o cargo de professor e mais   tarde de reitor da universidade de Praga. Huss, embora não estivesse de acordo com todos os ensinos de Wycliffe, ficou bastante influenciado pelas idéias desse  inglês, e resolveu aprofundar-se mais no estudo da Bíblia. O segundo passo foi denunciar o verdadeiro caráter do   papado, o orgulho, a ambição e a corrupção da hierarquia. Defendia a Bíblia como sendo a única regra de fé e prática   do cristão, e ensinava que a Palavra de Deus podia ser  pregada por qualquer pessoa. Esse tipo de liberdade de pensamento não era admitido   pela todo-poderosa Igreja de Roma. A reação veio rápida. O santo Huss foi convocado a comparecer perante o papa, em Roma. Apoiado pelos governantes e por uma parcela   da população, ele não atendeu ao chamado. Diante de tão    grande afronta ao Sumo Pontífice, Huss foi excomungado e a cidade de Praga interditada. Com a interdição, o povo  ficaria privado das bênçãos divinas, bênçãos que somente   o papa, como representante de Deus, tinha autoridade     para ministrar. Era isso que ensinava a Igreja era assim   que pensavam muitos. O período da Inquisição - uns 600 anos - foi um período  negro na história da Igreja de Roma. Muitos povos, muitos   grupos, muitas nações se enchem de orgulho e júbilo quando falam do seu passado. A Igreja Católica Romana  não tem do que se alegrar. A lista dos ANTIPAPAS  compreende 39 sumos pontífices, no período de 217 a    1449, abrangendo, portanto, um interregno de 1.200 anos, conforme a Enciclopédia BARSA. O clímax da imoralidade  papal deu-se no período de 1378 a 1417, "durante o qual      houve diversos papas ao mesmo tempo: a França e seus  aliados obedeciam ao Papa de Avignon, enquanto a  Alemanha, a Itália e a Inglaterra ao de Roma".   No caso do santo Huss, acusado de heresia, não se sabia a quem recorrer porque a Igreja estava dividida. Daí porque a pedido do imperador Sigismundo, o Papa João XXIII - um   dos três papas rivais - convocou um concílio geral na    cidade de Constança, ao qual compareceram, como réus, o excomungado John Huss e o Papa João XXIII, este     acusado por vários crimes cometidos durante seu   ministério no período de 1410 a 1415: fornicação, adultério, incesto, sodomia, roubo, simonia, assassinato. "Foi provado, por uma legião de testemunhas, que ele    havia seduzido e violado trezentas freiras, e que havia    montado um harém em Boulogne onde não menos de  duzentas meninas tinham sido vítimas de sua lubricidade".   Condenaram-no por cinqüenta e quatro crimes. Deus   colocou num mesmo tribunal um "herege" e um papa. O único "crime" do santo Huss fora o não se submeter à  vontade de Roma. Por isso, foi condenado à fogueira. Antes da fogueira, Huss foi preso e lançado numa   masmorra. Da prisão escreveu a um amigo: "Escrevo esta     carta na prisão e com as mãos algemadas, esperando a sentença de morte para manhã... Quando, com o auxílio   de Jesus Cristo, de novo nos encontrarmos na deliciosa  paz da vida futura, sabereis quão misericordioso Deus Se    mostrou para comigo, quão eficazmente me sustentou em   meio de tentações e provas". Em outra carta disse: "Que  a glória de Deus e a salvação das almas ocupem a tua     mente, e não a posse de benefícios e bens. Acautela-te  de adornar tua casa mais do que a tua alma; e, acima de   tudo, dá teu cuidado ao edifício espiritual. Sê piedoso e    humilde para com os pobres, e não consumas haveres em   festas". Antes de ser levado ao local da execução, deu-se a   cerimônia da degradação: as vestes sacerdotais do santo  Huss foram arrancadas e sobre sua cabeça colocaram    uma carapuça de papel com a inscrição "Arqui-herege".   "Com muito prazer, disse Huss, "levarei sobre a cabeça   esta coroa de ignomínia por Teu amor ó Jesus, que por    mim levaste uma coroa de espinhos. Invoco a Deus para    testemunhar que tudo que escrevi e preguei foi dito com o  fim de livrar almas do pecado e perdição; e, portanto, muito alegremente confirmarei com meu sangue a verdade   que escrevi e preguei". As chamas começaram a tomar   conta do seu corpo. Huss orou várias vezes até perder a    voz: "JESUS, FILHO DE DAVI, TEM MISERICÓRDIA DE   MIM". O martírio do Santo Huss se deu em 6 de julho de  1415, no mesmo dia de sua condenação. Naquele mesmo   dia o santo John Huss se encontrou com Jesus, no   Paraíso.